quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

MAU TRATO – PREFEITURA É ACIONADA POR TER FUNCIONÁRIOS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO DEGRADANTE

Prefeitura de Bertioga mantém servidores públicos em condições de trabalho degradantes


   
Denúncia levou Ministério Público a dar prazo de sete dias para a administração tratar os trabalhadores com dignidade


Em janeiro deste ano o jornal GAZETA REGIONAL mostrou a situação humilhante de cerca de 40 servidores municipais de Bertioga que trabalham na Garagem Municipal, no Jardim Indaiá. 

A reportagem intitulada “Padrão Caio Matheus: Funcionários da Prefeitura de Bertioga em situação degradante” resultou na ação em que o Ministério Público do Trabalho (MPT), concede um prazo de sete dias para que a administração bertioguense tome as providências necessárias para garantir a dignidade das pessoas que trabalham no local.

Em nota à imprensa, o procurador do Trabalho em Santos, Rodrigo Lestrade Pedroso, informou que ofereceu esta semana à Prefeitura de Bertioga um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para que a gestão Caio Matheus (PSDB) “corrija as graves irregularidades existentes na Garagem Municipal de Bertioga, constatadas pela fiscalização do Centros de Referência em Saúde do Trabalhador após denúncia do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bertioga”.

O MPT continua dizendo que o: “segundo investigação realizada, foi possível comprovar que o local não possui instalações mínimas que garantam a saúde e a segurança dos trabalhadores, além de não haver informações sobre os obrigatórios Programa de Prevenção de Riscos Ambientais — PPRA, ou do cumprimento do Programa do Controle Médico Ocupacional — PCMSO, da formação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes — CIPA, ou da existência de Programas de Gerenciamentos de Resíduos Sólidos e de Resíduos dos Serviços de Saúde”.

No TAC é exigido, entre outras coisas, que a prefeitura efetue reparos na rede elétrica do vestiário/banheiro, evitando que fios elétricos fiquem soltos no chão, providencie extintores de incêndio que obedeçam às normas brasileiras ou regulamentos técnicos do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO, inclusive extintores portáteis, efetuar dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a retirada de todo o entulho de origem de construção civil, pneus, tambores e caixas de água do terreno do entorno da garagem e providenciar que os chuveiros do vestiário, disponibilizados aos trabalhadores tenham portas de acesso que impeçam o devassamento, ou ser construídos de modo a manter o resguardo conveniente, além de manter a higienização adequada do local, entre outros pedidos.

A ressalva é que o documento do MPT é praticamente uma “réplica” da reportagem feita pela GAZETA REGIONAL que abordou a situação crítica dos servidores públicos municipais. 

MAIS TEMPO - Ainda segundo a nota, representantes da prefeitura presentes na audiência com o procurador, alegaram necessidade de prazo para análise das cláusulas contempladas na minuta de TAC. 

O procurador Rodrigo Lestrade destaca que “em caso de impossibilidade do acordo o MPT irá acionar as medidas cabíveis”.

Já à época da reportagem, em janeiro, o jornal expôs a situação dos funcionários da Garagem Municipal e perguntou à prefeitura se ela iria tomar as providências para finalizar o drama dos servidores. A prefeitura não se manifestou. 

Também partiu da GAZETA o contato com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bertioga (SSPMB) mostrando as condições da categoria. O Sindicato tratou de encaminhar a denúncia ao MPT.      

Todo o problema começou após a transferência da Garagem Municipal da área central da cidade para o Jardim Indaiá.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

SEM TETO – MORADORES SAEM DE ÁREA OCUPADA IRREGULARMENTE EM BERTIOGA

Mais de 100 famílias ‘perdem’ suas casas na desocupação

Despejo em massa no Jardim Vicente de Carvalho deixa mulheres, crianças e idosos na rua, a prefeitura da cidade é que “brigava” pelo terreno

A ação de reintegração de posse que deixou sem teto aproximadamente 130 famílias no Jardim Vicente de Carvalho, em Bertioga acontecida nesta terça-feira (11) envolveu funcionários públicos municipais da cidade e a Polícia Militar.


O terreno estava sendo reivindicado pela prefeitura bertioguense, que é a autora da ação e que agora, após a “vitória” do processo, vai entregar o imóvel ao Estado para obras de recuperação ambiental.


Os governos municipal e estadual firmaram um acordo que envolve todo o bairro no projeto de moradias que está a cargo da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).


Ao menos três vereadores da Câmara de Bertioga tentaram sensibilizar o prefeito bertioguense Caio Matheus (PSDB), para que pedisse junto ao Judiciário a ampliação do prazo para a desocupação do local até o mês de abril para que as famílias saíssem da área com dignidade.


O tucano nem chegou a conversar com o grupo de parlamentares elencados por Ney Lyra (PSDB), Sílvio Magalhães (PSB) e Valéria Bento (MDB). Na falta de diálogo o povo foi parar na rua.


Segundo a prefeitura, a ação é necessária para que a CDHU possa concluir o projeto habitacional “Vicente de Carvalho II”, com a construção de 42 moradias a partir de janeiro. 


Ainda de acordo com as informações da gestão Caio Matheus (PSDB), haverá estrutura (como caminhões e vans) para mudança e leva de pertences dentro dos limites do município.


DESOLADOS – Depois que os moradores deixaram suas casas seguiu-se a demolição, com as máquinas jogando no chão alguns anos de trabalho. 


As imagens registradas no local mostram que a medida que os governantes se distanciam da população acontece a destruição da própria relação humana antes existente, e que era baseada no respeito.


Crianças desnorteadas próximas aos que restou de suas casas, adultos andando segurando uma telha ou porta ilustravam um cenário de guerra após um bombardeio. Muitas das crianças afetadas pela reintegração talvez terão um Natal traumático, mas a vida segue.

 

BASTA – VÍTIMAS DE ERRO MÉDICO QUEREM PUNIR A PREFEITURA DE BERTIOGA

O óbito do bebê que seria resultado de falhas do HMB vai virar processo contra a administração municipal, a unidade médica já é “reincidente”
     


Morte de criança no hospital revolta parentes das vítimas                                                                                                                                                                                                                                                                                       
Um advogado contratado por familiares de Gabriela, de 29 anos, vai processar a prefeitura bertioguense pela morte da primeira filha da mulher, ocorrida no dia 21 de novembro na maternidade do HMB (Hospital Municipal de Bertioga).


Abalado com o que classifica como “uma sucessão de erros”, um dos parentes de Gabriela falou sobre os fatos que teriam culminado na morte da criança. “Ela chegou no hospital no dia 20 de novembro com contrações, por volta das 23 horas da noite, e foi internada. Durante a madrugada recebeu medicamentos para induzir a dilatação”, relatou. 


“No dia seguinte, pela manhã – por volta das 7 horas –, houve a troca de plantonistas. E o novo obstetra aplicou mais medicamentos para induzir a dilatação, que estava apenas com cinco dedos.”


Medicada, Gabriela ficou aguardando para ser levada à sala de parto, onde foi realizada a cesariana. “Não havia tido nenhuma mudança na dilatação”, contou o parente, observando que ao ser realizado o procedimento cirúrgico “já era tarde, a neném já havia defecado no útero, ‘engoliu’ líquido da placenta e já estava em sofrimento. Daí para frente foi uma sucessão de erros médicos para encobrir o mal que fizeram”, destacou.


“A Gabriela já tinha ido ao hospital várias vezes, com contrações, já estava quase na 41ª semana de gestação. Mas, no dia que retornou à unidade médica, era feriado e foram adiando a cesariana”, observou. O 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – é feriado em Bertioga.


MORTE - Os familiares relataram que só após 24 horas da realização do parto é que transferiram a criança para o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. “Chegou e foi direto para a UTI. Depois dos procedimentos necessários para a estabilização da criança, o pediatra falou que o bebê chegou a ele ‘destruído’. Foi essa expressão que ele usou, inconformado com a situação”, disse o parente.


O médico teria relatado que desde o nascimento o bebê não foi alimentado. Estava totalmente desidratado, com hematomas por todo o corpo provocados por tentativa de encontrar a artéria para a colocação do soro. Além disso, tinha água nos pulmões e sangramento, o que poderia ter sido causado por uma intubação errada.


Em face do estado crítico da criança, mesmo após os procedimentos realizados, ele faleceu às 4h30, tendo sofrido quatro paradas cardiorrespiratórias. “Na primeira, os médicos conseguiram reanimá-la, porém teve mais três sucessivas e o seu coraçãozinho não resistiu, e ela veio a óbito.”


A direção do Hospital Irmã Dulce fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil da cidade, a fim de se preservar de possíveis ações contra a instituição médica. “Nós sabemos que eles fizeram de tudo para salvar o bebê. O erro foi no hospital de Bertioga”, afirma a família.


A maternidade do Hospital de Bertioga não possui UTI neonatal, uma situação que obriga partos com situação de risco à criança e à gestante a serem levadas a hospitais de cidades vizinhas.


MORTALIDADE – De acordo com a Fundação Seade – vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo – o índice de mortalidade infantil em Bertioga está acima da média estadual, que encerrou 2017 com taxa de 10,74 óbitos por mil nascidos vivos. No município, houve aumento de 12,67 em 2016 para 15,21 em 2017.


ARTIGO - DE VOLTA AO VERGONHOSO RANKING DA MISÉRIA

Não faz tempo e o Brasil "saiu" dessa marca implantando políticas públicas que resgataram a boa condição humana   


O estudo do IBGE mostra o retorno da extrema pobreza no Brasil, ao apontar que no ano passado 54,8 milhões pessoas viviam abaixo da linha da pobreza.

Não faz tempo, e o Brasil "saiu" dessa marca vergonhosa implantando diversos projetos sociais e um conjunto de políticas públicas que resgataram a boa condição humana agora perdida, como revela o IBGE. E que para os próximos quatro anos do "novo" governo presidencial dificilmente será encontrada.

Um amigo ilustrou essa volta à miséria reportando o livro "O Relatório Lugano" de Susan George, cientista política norte-americana radicada na França, traduzido para a língua portuguesa em 2002, editado no Brasil pela Boitempo.

O amigo segue: "a autora posicionou a obra como um trabalho de ficção”. Nela, os leitores analisaram a reação da elite mundial à impossibilidade da natureza se recompor frente ao consumo de sete bilhões de seres humanos, devendo esse número ser reduzido para no máximo cinco bilhões, o que exige um genocídio mais econômico possível, ou seja, os pobres matando e enterrando os pobres.

As mortes acontecerão pela fome e doenças. E o amigo traz o tema ao Brasil, "estamos vendo esse programa da elite mundial, sediada nos EUA: que é a cultura do ódio tendo como centro de irradiação o presidente eleito; a expulsão dos médicos cubanos; a extinção de postos de trabalho pela política econômica neoliberal; a precarização dos empregos restantes, entre outros fatores que infelizmente veremos nos próximos quatro anos.

O Brasil vai dar um grande mergulho em um buraco negro de onde será muito difícil sair. E muito obrigado pela visão analítica meu amigo Egídio Di Beo Neto.  

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

POLICIAL MILITAR É MORTO POR LADRÕES NO CENTRO DE BERTIOGA

Após o ocorrido várias viaturas policiais da Região se deslocaram para a cidade para capturar os criminosos, houve uma prisão 

 

O policial militar Maurício Solon foi morto a tiros na manhã de segunda-feira (10), quando três bandidos encapuzados entraram no estabelecimento comercial onde ele estava e anunciaram o assalto. 


A ocorrência foi próxima à Feira de Artesanato, Centro de Bertioga. O policial percebeu a ação e seguiu-se um tiroteio. 


Ele foi alvejado com quatro tiros pelos marginais, que fugiram usando um Corsa Sedan prata – de placas DMX-2128/Guarujá-SP. 


O carro foi abandonado pelos ladrões na rampa de acesso do píer próximo à antiga Marina Poligon. Eles continuaram a fuga em uma embarcação. 


Já o policial foi socorrido e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento de Bertioga), mas não resistiu aos ferimentos. 


PRESO 


A Polícia Militar prendeu Rubens Moreira Viana, 29 anos, o Rubinho, que, segundo a polícia, seria um dos envolvidos na morte do policial Maurício Solon. A prisão aconteceu no Jardim Vicente de Carvalho II, em Bertioga. 


A PM já tinha as informações de que os bandidos pegaram um barco usando como rota de fuga o Rio Itapanhaú, e chegaram ao bairro pelo mangue. 


Ainda segundo a PM, foram encontrados com ele rádios comunicadores e uma máscara,  possivelmente utilizada durante o crime.  

 

  O carro abandonado pelos ladrões
 

sábado, 1 de dezembro de 2018

ASSESSOR DO VEREADOR CARLOS DA FUNERÁRIA É DETIDO COM CARRO ROUBADO

O político vive um novembro negro, só neste mês o seu nome figurou em duas ocorrências policiais 'sobre rodas', e ele teve sua moto flagrada com a placa adulterada



Parlamentar tucano está enfrentando um começo de fim de ano "mais que difícil"


Neste mês, o vereador bertioguense Antônio Carlos Ticianelli (PSDB), o Carlos da Funerária, teve seu nome envolvido em duas ocorrências policiais.  


A mais recente foi protagonizada por um homem que seria um de seus assessores - o advogado Sebastião Vieira, 32 anos, que trafegava com um carro furtado. 


Ele foi detido por policiais rodoviários na noite de terça-feira (27), que o conduziram à Delegacia de Bertioga. O caso registrado no Boletim de Ocorrência 3624/2018 ficou caracterizado como receptação. 


O ocorrido ganhou ampla repercussão ao ser divulgado pela emissora VTV - afiliada do SBT, na Baixada Santista. Além do carro ter sido produto de furto ainda estava com as placas adulteradas.


A MOTO 


Logo no início do mês de novembro, Carlos da Funerária também ganhou destaque no noticiário policial ao ter sua motocicleta flagrada na Câmara Municipal de Bertioga com a placa adulterada. 


Neste caso, o vereador disse que era uma armação de oposicionistas para "sacaneá-lo". A motocicleta do parlamentar é uma JTA/Suzuki-GSXR-1000-2002, branca, placa: Bertioga – CZT – 3919. 


Porém, uma fita adesiva "transformou" o último algarismo - 9 - em 8. Segundo informações, a placa adulterada pertence à Honda/CG 125-Titan Ks-2002”, de cor prata, da cidade de Jacareí. O dono já havia informado à Polícia sobre o furto do veículo.  


Já o veículo do vereador não tem nenhuma ocorrência junto aos órgãos de segurança. Carlos da Funerária disse que possui toda a documentação de sua moto.


O OUTRO LADO 


O advogado Sebastião Vieira disse sobre o ocorrido. "Cabe esclarecer que não fui preso, fui parado em uma Blitz de rotina na Rodovia Rio Santos, sentido Boracéia, onde diariamente trânsito. 


Os Policiais Militares, após verificação no veículo alegaram que havia suspeita de adulteração no veículo, momento que acompanhei até a Delegacia onde foi elaborado o Boletim de Ocorrência para averiguação, e apreensão do veículo para Perícia Técnica.


Esclareci na Delegacia que adquirir o veículo no início do ano, paguei por ele o valor de R$ 29.000,00, parte do pagamento foi por meio de honorários advocatícios, outra parte foi paga em dinheiro, tenho contrato de compra e de prestação de serviços advocatícios com a pessoa que prestei os serviços.


No entanto, diversas foram às vezes de tentativa de efetuar a transferência de propriedade do veículo. No entanto, por um lapso e confiança depositada na negociata, o tempo se estendeu e a transferência não chegou a ser efetivada.


Como todos sabem, resido no bairro de Boracéia, durante meses diariamente transitei com o veículo na Rodovia Rio-Santos, inclusive por diversas vezes fui abordado na base da Polícia Militar Rodoviária de Boracéia, e nunca ocorreu nenhuma suspeita do veículo. 


Viajei por vários municípios da região passei em diversas bases da Polícia Rodoviária da região, nunca tive problema com as abordagens da Polícia Rodoviária.


Portanto sou terceiro de boa fé na negociata. Tenho contratos de prestação de serviços e da compra do veículo. Sou vítima, confiei na documentação constituída, errei por não exigir de imediato a transferência de propriedade do veículo, após o pagamento. Tudo restou esclarecido para elaboração do B.O".



 
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

HORROR - MURO DE CEMITÉRIO DESABA E CADÁVERES FICAM EXPOSTOS

Ninguém se feriu, mas a cena causou um forte impacto 



O incidente foi em Santos e a prefeitura rapidamente acionou uma equipe para 'limpar' o local visando que as imagens não produzissem mal estar  

A queda de parte do muro do Cemitério Municipal da Areia Branca, em Santos, por volta das 7 horas de terça-feira (20) - Dia da Consciência Negra - fez que vários caixões e corpos caíssem na calçada, com tudo ficando visível a quem passava pelo local.


A Polícia Militar foi acionada para interditar a área, que logo recebeu uma equipe de funcionários da prefeitura que "cobriram" a cena macabra com uma lona. 


Os funcionários colocaram tapumes para fechar a parte atingida pelo desabamento, em que não houve feridos porque quando o muro veio abaixo ninguém andava pelo local. 

 

NÚMEROS - A administração do cemitério aponta que as causas do incidente seriam motivadas pela constante trepidação do solo. 


O trânsito naquela região é intenso e muitos veículos pesados trafegam pela rua. Isso aliado ao fato de que o muro é uma construção antiga.


Em nota, a Prefeitura de Santos informou que todo o muro do cemitério será reconstruído e que processo licitatório para a obra já foi realizado. Os trabalhos devem começar ainda esse ano.


Ainda segundo a prefeitura santista, 36 gavetas com 21 corpos foram avariadas, sendo que todos já estavam em processo de exumação, ação que teria sido concluída no próprio dia do incidente.

 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

VIDAS DESPEJADAS – HISTÓRIAS DE PESSOAS QUE PODEM SER JOGADAS NA RUA


Reintegração de posse ameaça mais de 100 famílias em Bertioga  

A cidade vive dias apreensão com o que pode acontecer a moradores de uma ocupação irregular, que estão prestes a sair do local



Bertioga pode ver aumentar o número de moradores de rua na cidade após a reintegração de posse de uma área ocupada irregularmente no Jardim Vicente de Carvalho, caso a desocupação do local se confirme. 

A data para que cerca de 130 famílias fiquem sem paradeiro definido ainda não foi marcada. Mas, de acordo com informações, isso pode acontecer nos primeiros dias de dezembro.

Entre os moradores, a sensação é de medo fala a dona de casa Joanice Barbosa, 26 anos, (foto). Ela está dividida na esperança de ficar em sua casa e o temor de não ter para onde ir, se perder o teto. 

A agonia é em dobro porque ela deu à luz a Júlia Raquel, de apenas 11 dias de vida. A alegria do nascimento da filha é contida na preocupação do futuro incerto, que pode chegar antes do Natal.

“Eu e meu marido não conseguimos dormir pensando nessa situação. A gente não tem para onde ir, investimos todo o dinheiro nessa casinha, passamos muitos apertos para montar ela. Não temos família em Bertioga, somos de Alagoas. Saímos de lá para melhorar de vida, arrumar trabalho e agora estamos vivendo com esse medo”, disse. 

O marido trabalha de vendedor numa loja de materiais para construção. O casal veio para Bertioga há seis anos e já mora no local há um ano. Além da filha recém-nascida, eles têm um filho de seis anos de idade

Mãe de três filhos a dona de casa Joedna de Souza, 37 anos, fala com a voz tensa. “Isso é uma calamidade, eles não podem nos jogar na rua como se nós não fossemos ninguém. Precisam dar uma solução, arrumar uma casa ‘pra por’ a gente. Eu não quero morar de graça, quero uma moradia digna. 

A indignação misturada ao desespero é justificada. “Tenho três crianças pequenas, uma delas é especial, é autista. Onde vão colocar eu e os meus filhos?”, indaga a moradora. “Não tem como ficar tranquilo, de repente vem uma ordem de despejo como se a gente não fosse nada”.

Hiana de Souza França, 43 anos, há alguns anos luta contra um câncer de mama, e a ameaça de perder a casa agrava a doença. “Situações de estresse prejudicam o tratamento. Os médicos falam isso”, diz a moradora, que pode ver a doença avançar devido a tensão constante. 

“Todos os moradores têm uma história, não podem simplesmente nos juntar numa remoção e nos jogar na rua. Remoção é pegar as pessoas e coloca-las em outro lugar. Não tem projeto habitacional nessa cidade, para onde vai todo esse povo?”, se pergunta. 

“Se o prefeito estivesse do nosso lado viria aqui defender a gente”, afirma a mulher cujo câncer começa a ser agravado pela indiferença política.

AMEAÇA REAL - A Prefeitura de Bertioga que reivindica a área é a autora do processo de reintegração iniciado em 2016. Mas foi em junho de 2018 as famílias foram intimadas a deixar o local voluntariamente. Caso não o faça, o cumprimento da ação será feito usando a força policial.

A ação é um acordo entre prefeitura e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em que as famílias serão obrigadas a deixar o local considerado APP (Área de Proteção Permanente) que após a desocupação terá recuperação ambiental. Porém, nem prefeitura e nem a CDHU tem um projeto habitacional para realocar as famílias, que removidas ficarão sem destino.   

VEREADORES PEDEM AMPLIAÇÃO DO PRAZO PARA A DESOCUPAÇÃO DA ÁREA  

Ameaçados de despejo em massa, os moradores foram buscar a ajuda dos vereadores de Bertioga, lotando a sede do Legislativo exibindo cartazes onde se liam pedidos para que os políticos ajudem as famílias a encontrar uma solução menos traumática para o impasse.

Com isso, a Câmara de Bertioga, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Bertioga e a DFE-SP (Defensoria Pública de São Paulo), tentam evitar a reintegração imediata prevendo o caos social que ela pode ocasionar à cidade, que já é problemática em várias áreas. 

Esses órgãos pedem ao Judiciário e à prefeitura a ampliação de prazo para que as pessoas possam trabalhar durante a Temporada de Verão, afim de conseguir dinheiro para recomeçar a vida após a “ação de despejo”.

Envolvidos diretamente no embate, os vereadores Ney Lyra (PSDB) – que é o presidente do Legislativo bertioguense –, Valéria Bento (MDB) e Silvio Magalhães (PSB), foram ao bairro falar com os moradores sobre as ações que a Câmara têm feito no sentido de tranquilizar os moradores até acontecer a reintegração de posse.

“Pedimos que o prazo para a desocupação seja ampliado para o mês de abril. Porque agora a cidade recebe os turistas para as festas de fim e início de ano. Natal, Réveillon e Carnaval, e isso aumenta a demanda de serviços que podem ser feitos por essas pessoas. Assim elas juntam dinheiro para futuramente pagarem aluguel, o que nesse período é difícil porque a maioria dos imóveis são locados para temporada, além do que nessa época os valores de alugueis sobem muito”, disse Ney Lyra. 

“São pessoas trabalhadoras, moradores de Bertioga e precisam ser respeitados”, pontuou o vereador.

Antevendo a situação das famílias o vereador Silvio Magalhaes disse que tentou junto ao Estado que elas recebam um aluguel social no valor de R$ 400. Mas, isso não foi possível porque o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) não entregou o estudo que ele pediu para viabilizar o pedido junto à própria CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

O Cras é ligado à prefeitura e em função disso o vereador disparou. “O Executivo não tem interesse em ajudar, se o prefeito tivesse falaria com os moradores, diria a eles ‘vamos encontrar uma solução’, e ele não fez isso”, lamenta. 

O parlamentar reforçou que a intenção não é desrespeitar a justiça. “As pessoas sabem que têm de sair, mas precisam de um prazo para sair com dignidade”, salienta o pesebista. 

“O Legislativo, a OAB, a Defensoria  e a CDHU entendem isso, só falta o prefeito Caio Matheus entender”, concluiu.

PREFEITURA AFIRMA QUE NÃO TEM LOCAL PARA REALOCAR FAMÍLIAS

A reportagem perguntou à prefeitura se as famílias seriam destinadas para algum local e a administração respondeu que: “não há projeto habitacional pré-definido para elas. A CDHU disponibilizará caminhões para fazer mudança para quem tiver local para ir”, informou.

A prefeitura disse que a data para a desocupação será definida de acordo com o planejamento da polícia, CDHU e oficiais de justiça. A área a ser desocupada pertence à Prefeitura de Bertioga e faz parte do projeto habitacional do Jardim Vicente de Carvalho, que envolve todo o bairro. 

É uma APP (Área de Preservação Permanente) e será recuperada cumprindo determinação do Ministério Público do Meio Ambiente. A CDHU já contratou empresa para a recuperação ambiental

A Polícia Militar  disse que é ciente da futura ação de reintegração de posse no bairro e aguarda informações do Judiciário para elaborar a ação policial em conjunto com os demais órgãos públicos.