terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

CUIDADO FRÁGIL - PROFESSORA IRRITA POLÍTICO E O CASO VAI PARAR NA DELEGACIA SECCIONAL DE POLÍCIA

A educadora é acusada de injuriar ex-prefeito que hoje é deputado federal; forte, ela se diz tranquila; já ele demonstrou ser sensível à críticas 




A educadora e ativista Cintia Secario teve de ir recentemente à Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes prestar esclarecimentos sobre uma postagem em uma rede social, porque o ex-prefeito da cidade e atual deputado federal, Marco Aurélio Bertaiolli (PSD), sentido-se ofendido pela publicação acionou a professora na Justiça por injúria. Cintia Secario foi acompanhada na delegacia pelo advogado e vereador petista Rodrigo Valverde.

O caso que ainda está em fase de inquérito data de 2018, período eleitoral e ano em que Bertaiolli trabalhava a sua campanha a deputado federal. Ele foi eleito debaixo de fortes críticas desencadeada pelas redes sociais.

A figura do político “caiu na rede” depois de ser apurado que as negociações resultantes no aumento do IPTU (Imposto Territorial, Predial e Urbano) foram iniciadas à época que ele era prefeito da cidade.

“Armada” na administração Bertaiolli a bomba explodiu no colo do atual prefeito Marcus Melo (PSDB), e o aumento do tributo logo que anunciado fez a cidade entrar em ebulição com intensas manifestações e seguidos protestos. Manifestantes saíam às ruas, indo à Câmara e prefeitura. O fardo de Bertaiolli - repassado ao bolso dos mogianos - ainda gera polêmica e tensão no município.

Com a torrente de críticas ao aumento e em plena campanha eleitoral o então candidato a deputado federal tentou, sem sucesso, desvincular sua imagem do atual mandatário. Porém, Melo, além de sucessor foi indicado pelo próprio grupo de Bertaiolli para ocupar o cargo do ex.

Nisso, os adversários batiam na questão do “DNA” do IPTU identificando o ex-prefeito como o pai da criança. A paternidade recaiu sobre Melo ao assumir, em 2017, a prefeitura mogiana e oficializar o aumento de próprio punho, com a sua assinatura.

Detonado nas redes sociais, o candidato se elegeu, mas em Mogi devido a revolta do IPTU teve votação incompatível a esperada, pois, quando era prefeito a administração de Bertaiolli contava com 80% de aprovação dos mogianos.

A queda nas urnas mogianas foi brutal, ele despencou. O sonho de sair das eleições como político mogiano campeão de votos foi frustrado. A vitória e a imagem do ex-prefeito e deputado federal eleito sofreu fortes arranhaduras.

FIRME - Dentre as várias pessoas na linha de frente no movimento contra o aumento do imposto estava a professora Cintia Secario, que agora na abertura de 2020 teve de voltar no tempo para falar na seccional de polícia sobre o caso ocorrido em meados de 2018.

“Falei às autoridades policiais que o meu comportamento na época foi de uma cidadã indignada com a má política, sem ofensas a pessoa ou à moral do deputado. Tenho a consciência tranquila em relação a isso”, disse a educadora.

“ Vi que foram anexadas ao inquérito muitas outras postagens, mas minha era só uma, Com críticas a campanha do ex-prefeito para deputado e num modo geral à maneira como são feitas hoje as campanhas, com favores, negócios e dinheiro. A minha postagem não foi ofensiva. Criticar é uma coisa ofender é outra. Eu sei separar as coisas”, afirmou.

Indagada se o processo na Justiça iria barrar sua atuação nos movimentos sociais e políticos da cidade a professora foi taxativa. “Jamais, quando tentam nos intimidar de uma forma ou de outra é porque estamos no caminho certo, se não enfrentarmos, a política nunca vai ser como deveria, limpa e igualitária. Reivindicar o justo não é ofensivo é o direito de toda cidadã e cidadão”, finalizou.

O que diz o deputado 

A reportagem contatou a assessoria de imprensa do deputado federal Marco Aurélio Bertaiolli para saber a versão do político acerca do caso. Em nota a assessoria do deputado respondeu. "Está é uma questão que tramita na Justiça. Cabe à Justiça decidir".