quarta-feira, 21 de novembro de 2018

HORROR - MURO DE CEMITÉRIO DESABA E CADÁVERES FICAM EXPOSTOS

Ninguém se feriu, mas a cena causou um forte impacto 



O incidente foi em Santos e a prefeitura rapidamente acionou uma equipe para 'limpar' o local visando que as imagens não produzissem mal estar  

A queda de parte do muro do Cemitério Municipal da Areia Branca, em Santos, por volta das 7 horas de terça-feira (20) - Dia da Consciência Negra - fez que vários caixões e corpos caíssem na calçada, com tudo ficando visível a quem passava pelo local.


A Polícia Militar foi acionada para interditar a área, que logo recebeu uma equipe de funcionários da prefeitura que "cobriram" a cena macabra com uma lona. 


Os funcionários colocaram tapumes para fechar a parte atingida pelo desabamento, em que não houve feridos porque quando o muro veio abaixo ninguém andava pelo local. 

 

NÚMEROS - A administração do cemitério aponta que as causas do incidente seriam motivadas pela constante trepidação do solo. 


O trânsito naquela região é intenso e muitos veículos pesados trafegam pela rua. Isso aliado ao fato de que o muro é uma construção antiga.


Em nota, a Prefeitura de Santos informou que todo o muro do cemitério será reconstruído e que processo licitatório para a obra já foi realizado. Os trabalhos devem começar ainda esse ano.


Ainda segundo a prefeitura santista, 36 gavetas com 21 corpos foram avariadas, sendo que todos já estavam em processo de exumação, ação que teria sido concluída no próprio dia do incidente.

 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

VIDAS DESPEJADAS – HISTÓRIAS DE PESSOAS QUE PODEM SER JOGADAS NA RUA


Reintegração de posse ameaça mais de 100 famílias em Bertioga  

A cidade vive dias apreensão com o que pode acontecer a moradores de uma ocupação irregular, que estão prestes a sair do local



Bertioga pode ver aumentar o número de moradores de rua na cidade após a reintegração de posse de uma área ocupada irregularmente no Jardim Vicente de Carvalho, caso a desocupação do local se confirme. 

A data para que cerca de 130 famílias fiquem sem paradeiro definido ainda não foi marcada. Mas, de acordo com informações, isso pode acontecer nos primeiros dias de dezembro.

Entre os moradores, a sensação é de medo fala a dona de casa Joanice Barbosa, 26 anos, (foto). Ela está dividida na esperança de ficar em sua casa e o temor de não ter para onde ir, se perder o teto. 

A agonia é em dobro porque ela deu à luz a Júlia Raquel, de apenas 11 dias de vida. A alegria do nascimento da filha é contida na preocupação do futuro incerto, que pode chegar antes do Natal.

“Eu e meu marido não conseguimos dormir pensando nessa situação. A gente não tem para onde ir, investimos todo o dinheiro nessa casinha, passamos muitos apertos para montar ela. Não temos família em Bertioga, somos de Alagoas. Saímos de lá para melhorar de vida, arrumar trabalho e agora estamos vivendo com esse medo”, disse. 

O marido trabalha de vendedor numa loja de materiais para construção. O casal veio para Bertioga há seis anos e já mora no local há um ano. Além da filha recém-nascida, eles têm um filho de seis anos de idade

Mãe de três filhos a dona de casa Joedna de Souza, 37 anos, fala com a voz tensa. “Isso é uma calamidade, eles não podem nos jogar na rua como se nós não fossemos ninguém. Precisam dar uma solução, arrumar uma casa ‘pra por’ a gente. Eu não quero morar de graça, quero uma moradia digna. 

A indignação misturada ao desespero é justificada. “Tenho três crianças pequenas, uma delas é especial, é autista. Onde vão colocar eu e os meus filhos?”, indaga a moradora. “Não tem como ficar tranquilo, de repente vem uma ordem de despejo como se a gente não fosse nada”.

Hiana de Souza França, 43 anos, há alguns anos luta contra um câncer de mama, e a ameaça de perder a casa agrava a doença. “Situações de estresse prejudicam o tratamento. Os médicos falam isso”, diz a moradora, que pode ver a doença avançar devido a tensão constante. 

“Todos os moradores têm uma história, não podem simplesmente nos juntar numa remoção e nos jogar na rua. Remoção é pegar as pessoas e coloca-las em outro lugar. Não tem projeto habitacional nessa cidade, para onde vai todo esse povo?”, se pergunta. 

“Se o prefeito estivesse do nosso lado viria aqui defender a gente”, afirma a mulher cujo câncer começa a ser agravado pela indiferença política.

AMEAÇA REAL - A Prefeitura de Bertioga que reivindica a área é a autora do processo de reintegração iniciado em 2016. Mas foi em junho de 2018 as famílias foram intimadas a deixar o local voluntariamente. Caso não o faça, o cumprimento da ação será feito usando a força policial.

A ação é um acordo entre prefeitura e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em que as famílias serão obrigadas a deixar o local considerado APP (Área de Proteção Permanente) que após a desocupação terá recuperação ambiental. Porém, nem prefeitura e nem a CDHU tem um projeto habitacional para realocar as famílias, que removidas ficarão sem destino.   

VEREADORES PEDEM AMPLIAÇÃO DO PRAZO PARA A DESOCUPAÇÃO DA ÁREA  

Ameaçados de despejo em massa, os moradores foram buscar a ajuda dos vereadores de Bertioga, lotando a sede do Legislativo exibindo cartazes onde se liam pedidos para que os políticos ajudem as famílias a encontrar uma solução menos traumática para o impasse.

Com isso, a Câmara de Bertioga, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Bertioga e a DFE-SP (Defensoria Pública de São Paulo), tentam evitar a reintegração imediata prevendo o caos social que ela pode ocasionar à cidade, que já é problemática em várias áreas. 

Esses órgãos pedem ao Judiciário e à prefeitura a ampliação de prazo para que as pessoas possam trabalhar durante a Temporada de Verão, afim de conseguir dinheiro para recomeçar a vida após a “ação de despejo”.

Envolvidos diretamente no embate, os vereadores Ney Lyra (PSDB) – que é o presidente do Legislativo bertioguense –, Valéria Bento (MDB) e Silvio Magalhães (PSB), foram ao bairro falar com os moradores sobre as ações que a Câmara têm feito no sentido de tranquilizar os moradores até acontecer a reintegração de posse.

“Pedimos que o prazo para a desocupação seja ampliado para o mês de abril. Porque agora a cidade recebe os turistas para as festas de fim e início de ano. Natal, Réveillon e Carnaval, e isso aumenta a demanda de serviços que podem ser feitos por essas pessoas. Assim elas juntam dinheiro para futuramente pagarem aluguel, o que nesse período é difícil porque a maioria dos imóveis são locados para temporada, além do que nessa época os valores de alugueis sobem muito”, disse Ney Lyra. 

“São pessoas trabalhadoras, moradores de Bertioga e precisam ser respeitados”, pontuou o vereador.

Antevendo a situação das famílias o vereador Silvio Magalhaes disse que tentou junto ao Estado que elas recebam um aluguel social no valor de R$ 400. Mas, isso não foi possível porque o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) não entregou o estudo que ele pediu para viabilizar o pedido junto à própria CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

O Cras é ligado à prefeitura e em função disso o vereador disparou. “O Executivo não tem interesse em ajudar, se o prefeito tivesse falaria com os moradores, diria a eles ‘vamos encontrar uma solução’, e ele não fez isso”, lamenta. 

O parlamentar reforçou que a intenção não é desrespeitar a justiça. “As pessoas sabem que têm de sair, mas precisam de um prazo para sair com dignidade”, salienta o pesebista. 

“O Legislativo, a OAB, a Defensoria  e a CDHU entendem isso, só falta o prefeito Caio Matheus entender”, concluiu.

PREFEITURA AFIRMA QUE NÃO TEM LOCAL PARA REALOCAR FAMÍLIAS

A reportagem perguntou à prefeitura se as famílias seriam destinadas para algum local e a administração respondeu que: “não há projeto habitacional pré-definido para elas. A CDHU disponibilizará caminhões para fazer mudança para quem tiver local para ir”, informou.

A prefeitura disse que a data para a desocupação será definida de acordo com o planejamento da polícia, CDHU e oficiais de justiça. A área a ser desocupada pertence à Prefeitura de Bertioga e faz parte do projeto habitacional do Jardim Vicente de Carvalho, que envolve todo o bairro. 

É uma APP (Área de Preservação Permanente) e será recuperada cumprindo determinação do Ministério Público do Meio Ambiente. A CDHU já contratou empresa para a recuperação ambiental

A Polícia Militar  disse que é ciente da futura ação de reintegração de posse no bairro e aguarda informações do Judiciário para elaborar a ação policial em conjunto com os demais órgãos públicos.