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Mulher morre vítima de bala perdida em ação da PM, a violência foi em Santos

Ela se torna mais uma das dezenas de vítimas mortas em supostos confrontos com a Polícia Militar que realiza uma operação sangrenta na Baixada Santista 

Por Aritides Barros

 


Edneia deixa órfã seis crianças  (Arquivo pessoal)

Mãe de seis crianças, Edneia Fernandes Silva, de 31 anos, morreu atingida por uma bala perdida na cabeça. A violência aconteceu em Santos e segundo a versão da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) a mulher teria sido atingida em um confronto entre PMs e suspeitos. 


A família da vítima discorda da versão do estado. Uma das primas de Edneia disse que não houve troca de tiros, apenas um disparo dos policiais. Edneia foi baleada por volta das 19 horas de quarta-feira (27) quando estava na Praça José Lamacchia, localizada no bairro Bom Retiro. Levada ao hospital ela ficou internada e morreu na noite de quinta-feira (28) 


A bala que matou Edneia destroçou seus familiares, todos estão devastados. Segundo relatado por Thayna Santos, prima da vítima, ela tinha deixado um dos seis filhos no barbeiro e foi conversar com uma amiga quando foi mortalmente ferida. 


Thayna criticou a versão da PM dizendo que é mentira que teria ocorrido troca de tiros, Conforme ela três motos da Rocam passaram e um único tiro teria partido de um dos  policiais motorizados. 


Depois do tiro, testemunhas socorreram a mulher e a levaram para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste e posteriormente foi transferida para a Santa Casa de Santos.


A prima da vítima acrescentou que os moradores das comunidades querem viver em paz e criar os filhos com dignidade, destacou que “a polícia deveria proteger a população e não destruir a vida de inocentes. 


Thayna completou. Não é justo tratarem as famílias da comunidade como lixo, como se fôssemos bichos". O desabafo faz eco com outras vozes de moradores das cidades da Baixada Santista onde acontece uma violenta e desenfreada operação policial que já resultou em aproximadamente 60 mortos em dois meses de verdadeiro ataque estatal. 


Por meio de nota, a SSP-SP informou que todas as circunstâncias relativas aos fatos são rigorosamente investigadas pelo 5º Distrito Policial de Santos e pela Polícia Militar, que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM).


Na ocasião, exames periciais foram solicitados e, tão logo os laudos sejam concluídos, serão remetidos à autoridade policial para análise e esclarecimento do caso.


Conforme a SSP, as forças de segurança do estado são instituições legalistas que operam estritamente dentro de seu dever constitucional, seguindo protocolos operacionais rigorosos. Ainda de acordo com a Secretaria, as corregedorias estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra seus agentes.


Avesso às investigações da SSP, órgãos e entidades ligadas aos direitos humanos levaram os casos de violência policial na Baixada Santista para a Organização das Nações Unidas (ONU), para que órgãos internacionais acompanhem o que vem  acontecendo no Litoral de São Paulo.


Governador sobre a violência policial: “Não tô nem aí” 



Para Tarcísio mortes são efeito colateral (Getty Images) 


O próprio governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da  ONU. Quando foi indagado por jornalistas sobre a situação o governador tripudiou respondendo “Não ‘tô’ nem aí”


Tarcísio de Freitas é o responsável pela ação mais letal da PM paulista.  Também foi protocolado junto à Organização das Nações Unidas o pedido para que os policiais militares façam o uso obrigatório das câmeras corporais. 


Na delegacia - De acordo com a versão dos policiais da Rocam, eles faziam patrulhamento em motos pela Avenida Hugo Maia, sentido Jovino de Melo, quando viram uma motocicleta em alta velocidade entrando na avenida. Pediram ao motociclista que parasse, mas o piloto não obedeceu, fugiu e entrou na praça.


Para se resguardar, a equipe da PM parou de acompanhar o veículo e ficou parada no cruzamento da Avenida Hugo Maia com a Jovino de Melo. Neste momento, segundo o boletim de ocorrência, o motociclista e o garupa teriam atirado aproximadamente cinco vezes em direção aos agentes.


Um dos PMs reagiu e efetuou um tiro contra os suspeitos. Em seguida, os homens abandonaram a moto e correram em direção ao beco da praça, disparando mais cinco vezes. Os policiais fizeram o retorno pela Rua Washington de Almeida e acessaram a praça pelo lado oposto.


A moto foi encontrada sem a chave na ignição. Em pesquisa no sistema, a equipe constatou que não havia queixas de crimes envolvendo o veículo. Durante essa consulta, eles foram informados por testemunhas de que a mulher em questão havia sido baleada e socorrida.


No baú da moto, a PM encontrou um conjunto de capa de chuva preto, um boné vermelho e um carregador de celular. Também foi requisitada perícia para o local e exame residuográfico para as mãos do PM que fez o disparo. A pistola dele também foi apreendida.


O caso foi registrado como homicídio tentado e localização e apreensão de veículo na Central de Polícia Judiciária de Santos. Os suspeitos não foram encontrados. O veículo abandonado foi encaminhado para as dependências do 7º Distrito Policial.


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