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Sequência de despejos no “coração” de Bertioga é comparada a higienização social

Reintegração “imita” a política xenófoba dos países que expulsam imigrantes; na cidade litorânea os alvos são os pobres da Vila Tupi   


Por Aristides Barros



PM e oficial de justiça avisa o morador do despejo

A Vila Tupi, no Centro de Bertioga, foi regularizada via processo fundiário que a princípio seria para beneficiar os moradores. A localidade foi reconhecida como área de interesse social e o plano regularizador era para o bem das famílias que vivem há décadas no local. Mas, várias delas  já foram descartadas do plano.


Devido a ação atingir um grande número de famílias sem muitos recursos que moram no local fincado na área central da cidade muitos olhares veem o caso como um expurgo da população pobre da zona nobre de Bertioga. “É uma limpeza social”, afirmam e tom crítico à ação.


Uma ação de reintegração de posse, com processo já transitado em julgado, prevê retirar cerca de 150 famílias da Vila Tupi e dezenas já foram despejadas. As que ainda estão em suas casas ficam sem saber como será o amanhã.


O oficial de justiça vem escoltado pela polícia e entrega a ordem de despejo. E anos de suor e trabalho e suor vão se embora em questão de horas. E outros despejos se seguirão à toque de caixa.


Moradora se desespera e é confortada pela amiga 


Na manhã de segunda-feira, 3, a reportagem registrou o drama de moradores deixados à própria sorte. No tocante aos políticos da cidade, o prefeito diz que tenta impedir o tsunami de despejos, mas, o Poder Executivo não está tão vigoroso; na segunda, nove famílias perderam as casas.


O Poder Legislativo está em pior situação que a do prefeito. Não aparecem na Vila Tupi sequer para mostrar solidariedade ao povo de esperanças massacradas. 


Dois deles que não detém mais mandatos foram ao local. Ney Lyra e Renato Faustino, o Renatinho (PT). A presença de ambos trouxe a lembrança de que Bertioga tem uma Câmara de Vereadores.


Houve um princípio de tumulto entre os moradores e a Polícia Militar



Situação ficou tensa

Um dos muitos despejados não conteve a revolta pela fatalidade vivida pelas famílias que enfrentam a ação reintegratória e verbalizou o que pensava sobre tudo o que se passava à sua frente e com a sua própria família. As palavras realistas ocasionaram momentos de tensão. 


O protesto verbal saído das entranhas foi o estopim para gerar um princípio de tumulto entre moradores e o pequeno efetivo de policiais militares, que estavam na Operação Despejo para garantir a lei e a ordem, e a integridade física de todos os envolvidos no episódio.


Familiares, amigos e vizinhos tentaram acalmá-lo e impedir que o homem fosse levado pelos policiais. No entanto, o protesto foi logo sufocado e ele foi detido e conduzido à Delegacia de Bertioga, sendo liberado em seguida.


Fora da lei “cumprindo” a lei



Caminhão sem condições de transitar

Lei e ordem. Esses dois quesitos não foram observados pela empresa contratada para fazer a mudança forçada dos despejados. Um dos caminhões não apresentava condições de transitar com segurança, pois os pneus estavam muito gastos (carecas). e o estepe todo estourado.


Os próprios moradores da Vila Tupi alertaram a PM e a GCM que acompanhavam a ação de que o veículo desafiava as Leis do Trânsito. “É contraditório cumprir a lei estando fora dela”. observaram. O caminhão foi interceptado pela GCM e teve de abandonar a missão. 

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