Sobre jornais nos estilos mau caráter, bandido e jagunço, e o de menor potencial ofensivo onde notícia "vira" mercadoria de quitanda
Por Aristides Barros
Léo Alves e a sua companheira Neiva Monteiro Alves
Tenho muitos bons amigos e boas amigas jornalistas. Todos muito bons no que fazem, e que já não fazem mais. Uns e umas pararam, e têm colegas já se foram.
Aprendi muito com eles e elas. Confesso que vivi o aprendizado, que pratico e repasso, “guardar para si o que aprendeu mostra que não aprendeu nada. Aprender e partilhar, ensinar aprendendo mais. Os colegas eram mestres, morreram e não estão mortos, ainda vivem em mim. Ideias e pensamento não se matam, tentam e elas não morrem.
Um dos meus mais ilustres fantasmas é o jornalista Léo Alves. Ele e as suas “aulas” sobre jornais “nos estilos mau caráter, bandido e jagunço, e o de menor potencial ofensivo onde notícia "vira" mercadoria de quitanda. O dono: "hoje os produtos estão bons, fresquinhos e com ótima aparência". O cliente vê, olha, re-olha, vira e revira, escolhe pega e paga. E lá vai a notícia...
No jagunço, o cliente tem desafetos, e falta coragem de encará-los. Mas, tem grana para pagar o serviço sujo, e candidatos à vaga sempre aparecem. A ordem: pega e espanca, mas não mata, faz o diabo com o cabra. Grana na mão e missão cumprida ao pé da letra.
“Infelizmente no nosso meio tem muita gente que arruína a profissão. Muitos não têm a menor noção do que é jornalismo, mal sabem se sapo escreve com “s” ou “c” cedilha. Outros têm noção e diploma, o que os tornam canalhas catedráticos em nível superior”,
Esse era o Léo Alves casca grossa, curto e grosso na verborragia. Uma pessoa excelente e também excelente jornalista (não se dava à "babaquices discursórias" do tipo jornalista com "j" maiúsculo ou minúsculo). “O que importa é o jornalista ser ético, o resto é "pom-pom", fricote, não-me-toque e outras coisas não necessárias à profissão”.
E com isso volto ao ponto de partida. Tenho muitos bons amigos e boas amigas jornalistas. Todos muito bons no que fazem, e que já não fazem mais. Uns e umas pararam, e têm colegas que já se foram. E eu morreria de vergonha de envergonhá-los.
O jornalista Léo Alves, de 57 anos, faleceu em 31 de outubro de 2016.
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