Pular para o conteúdo principal

Vítimas de erro médico querem punir a Prefeitura de Bertioga

Basta 

O óbito do bebê que seria resultado de falhas do HMB vai virar processo contra a administração municipal, a unidade médica já é “reincidente”
     

 Morte de criança no hospital revolta parentes da vítima 

Um advogado contratado por familiares de Gabriela, de 29 anos, vai processar a prefeitura bertioguense pela morte da primeira filha da mulher, ocorrida no dia 21 de novembro na maternidade do HMB (Hospital Municipal de Bertioga).


Abalado com o que classifica como “uma sucessão de erros”, um dos parentes de Gabriela falou sobre os fatos que teriam culminado na morte da criança.


“Ela chegou no hospital no dia 20 de novembro com contrações, por volta das 23 horas da noite, e foi internada. Durante a madrugada recebeu medicamentos para induzir a dilatação”, relatou. 


“No dia seguinte, pela manhã – por volta das 7 horas –, houve a troca de plantonistas. E o novo obstetra aplicou mais medicamentos para induzir a dilatação, que estava apenas com cinco dedos.”


Medicada, Gabriela ficou aguardando para ser levada à sala de parto, onde foi realizada a cesariana. “Não havia tido nenhuma mudança na dilatação”, contou o parente, observando que ao ser realizado o procedimento cirúrgico "já era tarde, a neném já havia defecado no útero, ‘engoliu’ líquido da placenta e já estava em sofrimento. Daí para frente foi uma sucessão de erros médicos para encobrir o mal que fizeram", destacou.


“A Gabriela já tinha ido ao hospital várias vezes, com contrações, já estava quase na 41ª semana de gestação. Mas, no dia que retornou à unidade médica, era feriado e foram adiando a cesariana”, observou. O 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – é feriado em Bertioga.


MORTE - Os familiares relataram que só após 24 horas da realização do parto é que transferiram a criança para o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. “Chegou e foi direto para a UTI. Depois dos procedimentos necessários para a estabilização da criança, o pediatra falou que o bebê chegou a ele ‘destruído’. Foi essa expressão que ele usou, inconformado com a situação”, disse o parente.


O médico teria relatado que desde o nascimento o bebê não foi alimentado. Estava totalmente desidratado, com hematomas por todo o corpo provocados por tentativa de encontrar a artéria para a colocação do soro. Além disso, tinha água nos pulmões e sangramento, o que poderia ter sido causado por uma intubação errada.


Em face do estado crítico da criança, mesmo após os procedimentos realizados, ele faleceu às 4h30, tendo sofrido quatro paradas cardiorrespiratórias. “Na primeira, os médicos conseguiram reanimá-la, porém teve mais três sucessivas e o seu coraçãozinho não resistiu, e ela veio a óbito.”


A direção do Hospital Irmã Dulce fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil da cidade, a fim de se preservar de possíveis ações contra a instituição médica. “Nós sabemos que eles fizeram de tudo para salvar o bebê. O erro foi no hospital de Bertioga”, afirma a família.


A maternidade do Hospital de Bertioga não possui UTI neonatal, uma situação que obriga partos com situação de risco à criança e à gestante a serem levadas a hospitais de cidades vizinhas.


MORTALIDADE – De acordo com a Fundação Seade – vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo – o índice de mortalidade infantil em Bertioga está acima da média estadual, que encerrou 2017 com taxa de 10,74 óbitos por mil nascidos vivos. No município, houve aumento de 12,67 em 2016 para 15,21 em 2017.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Expulsos pelo DER e abandonados pela Prefeitura de Bertioga

Famílias que vivem em Bertioga muito antes dela ser cidade são despejadas sem o menor respeito aos caiçaras   Por Aristide Barros Moradores estão à espera de soluções Ao menos cinco famílias, totalizando cerca de 15 pessoas - entre elas homens, mulheres, crianças e idosos, alguns deles com problemas de saúde em razão da idade avançada - lutam pelo direito a ter onde morar.  A luta é contra a Prefeitura de Bertioga e começou quando o Departamento de Estrada de Rodagem de São Paulo (DER) via reintegração de posse desabrigou as famílias que moravam (pasmem) embaixo de uma ponte na Rodovia Rio-Santos, que passa sobre o Rio Guaratuba.  O órgão estatal as tirou do local no dia 16 de setembro deste ano e a administração municipal bertioguense “dorme tranquila” sem dar nenhuma resposta sobre onde elas vão poder morar.  Diante da impotência das duas esferas de governo - estado e município - em oferecer o que tiraram delas: um local digno para viver, tão logo foram despej...

Em Bertioga, deputado Reis fala sobre assuntos que abalam a política nacional e o país

Na cidade, ele ajuda comunidades que precisam ser “separadas” do mapa do Perb para que elas possam continuar existindo Por Aristides Barros Reis defende a cassação de Eduardo Bolsonaro / Foto: AB Recentemente, o deputado estadual Paulo Batista dos Reis (PT) participou de uma reunião, em Bertioga, com líderes comunitários, um representante da Fundação Florestal e a prefeitura bertioguense para intermediar temas relacionados às obras necessárias nas Chácaras Mogianas em Boraceia.  Ele considerou que o encontro foi positivo, com a definição de que a Sabesp pode começar a fazer as obras de saneamento básico (rede de água e esgoto) na localidade e a prefeitura pode iniciar os trabalhos de infraestrutura de sua alçada. Isso tudo, havendo a sinalização positiva da Fundação Florestal, que é a gestora do Perb, e o aval do Governo do Estado.  Após os temas da reunião, a reportagem indagou Reis sobre como ele avalia o comportamento do governo brasileiro frente aos Estados Unidos mediante...

Bertioga não tem uma boa educação

Educação não se mede pelo IDEB  Por Claudemir Belintane (*) Professor universitário faz alerta para comunidade estudantil - Foto: Tânia Rego  / Agência Brasil Nas eleições municipais deste ano, muitos prefeitos afirmavam que em suas gestões a educação teria avançado bastante e citavam o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Município, que teria alcançado ou superado a meta prevista. Infelizmente o povo e às vezes até mesmo educadores não entendem que o IDEB é um índice geral muito precário e que não serve para indicar avanços qualitativos no panorama nacional, estadual ou regional da educação. Além de não servir como parâmetro e avanços nem em Língua Portuguesa, nem em Matemática, o IDEB é também muito fácil de ser fraudado ou mesmo manipulado. Então, como nós, cidadãos, podemos saber se uma rede escolar ou a educação de um município vai bem? O teste é simples e objetivo, você mesmo pode fazer. Vamos lá!? Tomemos como exemplo o município de Bertioga e vejamos ...