terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Vítimas de erro médico querem punir a Prefeitura de Bertioga

Basta 

O óbito do bebê que seria resultado de falhas do HMB vai virar processo contra a administração municipal, a unidade médica já é “reincidente”
     

 Morte de criança no hospital revolta parentes da vítima 

Um advogado contratado por familiares de Gabriela, de 29 anos, vai processar a prefeitura bertioguense pela morte da primeira filha da mulher, ocorrida no dia 21 de novembro na maternidade do HMB (Hospital Municipal de Bertioga).


Abalado com o que classifica como “uma sucessão de erros”, um dos parentes de Gabriela falou sobre os fatos que teriam culminado na morte da criança.


“Ela chegou no hospital no dia 20 de novembro com contrações, por volta das 23 horas da noite, e foi internada. Durante a madrugada recebeu medicamentos para induzir a dilatação”, relatou. 


“No dia seguinte, pela manhã – por volta das 7 horas –, houve a troca de plantonistas. E o novo obstetra aplicou mais medicamentos para induzir a dilatação, que estava apenas com cinco dedos.”


Medicada, Gabriela ficou aguardando para ser levada à sala de parto, onde foi realizada a cesariana. “Não havia tido nenhuma mudança na dilatação”, contou o parente, observando que ao ser realizado o procedimento cirúrgico "já era tarde, a neném já havia defecado no útero, ‘engoliu’ líquido da placenta e já estava em sofrimento. Daí para frente foi uma sucessão de erros médicos para encobrir o mal que fizeram", destacou.


“A Gabriela já tinha ido ao hospital várias vezes, com contrações, já estava quase na 41ª semana de gestação. Mas, no dia que retornou à unidade médica, era feriado e foram adiando a cesariana”, observou. O 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – é feriado em Bertioga.


MORTE - Os familiares relataram que só após 24 horas da realização do parto é que transferiram a criança para o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. “Chegou e foi direto para a UTI. Depois dos procedimentos necessários para a estabilização da criança, o pediatra falou que o bebê chegou a ele ‘destruído’. Foi essa expressão que ele usou, inconformado com a situação”, disse o parente.


O médico teria relatado que desde o nascimento o bebê não foi alimentado. Estava totalmente desidratado, com hematomas por todo o corpo provocados por tentativa de encontrar a artéria para a colocação do soro. Além disso, tinha água nos pulmões e sangramento, o que poderia ter sido causado por uma intubação errada.


Em face do estado crítico da criança, mesmo após os procedimentos realizados, ele faleceu às 4h30, tendo sofrido quatro paradas cardiorrespiratórias. “Na primeira, os médicos conseguiram reanimá-la, porém teve mais três sucessivas e o seu coraçãozinho não resistiu, e ela veio a óbito.”


A direção do Hospital Irmã Dulce fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil da cidade, a fim de se preservar de possíveis ações contra a instituição médica. “Nós sabemos que eles fizeram de tudo para salvar o bebê. O erro foi no hospital de Bertioga”, afirma a família.


A maternidade do Hospital de Bertioga não possui UTI neonatal, uma situação que obriga partos com situação de risco à criança e à gestante a serem levadas a hospitais de cidades vizinhas.


MORTALIDADE – De acordo com a Fundação Seade – vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo – o índice de mortalidade infantil em Bertioga está acima da média estadual, que encerrou 2017 com taxa de 10,74 óbitos por mil nascidos vivos. No município, houve aumento de 12,67 em 2016 para 15,21 em 2017.


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