Pular para o conteúdo principal

GCM agride homem no Hospital de Bertioga e a violência viraliza nas redes sociais

O soco “acertou” a cidade nos dois setores mais criticados pela população: as áreas de saúde e segurança. Na saúde, porque a prefeitura diz ter investido alto na GCM e a violência cometida derruba os gastos pagos com dinheiro dos contribuintes. Na saúde, porque aconteceu dentro de um equipamento público, também pago pelos contribuintes

Por Aristides Barros


Homem é segurado contra a parede pelo guarda agressor

Um murro na face de alguém já imobilizado “é um tapa na cara de todos os cidadãos”. Desta forma o advogado Ronaldo do Patrocínio comparou a violência de um GCM contra um homem na noite de 10 de julho no Hospital de Bertioga. A vítima, Diego Cury Nogueira, 33 anos, levou um soco no rosto do “agente de segurança”, embora já estivesse algemado. 


O profissional forense que pegou o caso vai defender Diego e antecipou que vai mover um processo civil contra a Prefeitura de Bertioga, por abuso de autoridade/lesão, e também um processo criminal contra o GCM agressor. 


Ronaldo estuda processar até o médico plantonista que, de acordo com relatos, ao ser chamado para atender o agredido teria dito que “não viu nenhuma lesão” no homem. Destaca-se que Diego  tinha ferimentos na face, nos braços, nas costas e nas pernas. 


Os ferimentos produzidos por chutes e golpes de cassetetes teriam acontecido no local da ocorrência, na Vista Linda, em Bertioga, e durante o trajeto até o hospital, onde a suposta sessão de espancamento terminou com um murro na face. 


Para o advogado, a conduta dos GCM desobedeceu todos os protocolos de agentes a serviço da segurança e o despreparo ficou evidente desde a abordagem inicial, no bairro, até a chegada no hospital que culminou com cenas de violência e desespero. As imagens além de chocar, revoltou quem presenciou e quem viu a barbárie pelas redes sociais e nos telejornais, 


“As imagens da câmera instaladas no local e dos celulares dos parentes do Diego, que estavam com ele no hospital são provas incontestáveis de que a GCM errou. A cidade vive um clima forte de insegurança e as pessoas pagas para combatê-la não podem aumentar ainda mais o que já está insuportavel”, pondera o advogado.


As imagens serviram para o delegado acrescentar algumas considerações no boletim de ocorrência. O chefe policial também fez observações à conduta inadequada na atuação do GCM. E a Polícia Civil investiga o caso.


O caso resvala na prefeitura que recentemente alardeou investimentos na GCM de Bertioga, aumentando o efetivo da corporação em mais 100 integrantes em um processo que marca a incapacidade de alguns deles em proteger o cidadão e a cidade.

 

Ação truculenta  


A violência dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS), que funciona no Hospital de Bertioga, teria começado na Vista Linda, onde iniciou a ocorrência. Diego chamou a Polícia Militar para intervir num atrito entre ele e a sua ex-companheira. 


A mulher que aparentava estar alterada discutia com a mãe de Diego, quando ele chegou carregando o filho de três anos sobre os ombros. Para cessar a discussão com a ex-companheira, ele discou o 190 e aguardou a polícia. 


Mas, a GCM chegou primeiro assumindo a ocorrência que seria da PM e o tumulto piorou quando um dos guardas ao descer da viatura sacou a arma apontando-a para Diego, que continuava com o filho sobre os ombros. Pai e consequentemente o filho ficaram sob a mira do agente de segurança.   


Diego passou a ser o alvo da ocorrência que foi toda registrada por uma câmera de segurança, instalada a poucos metros do local. As imagens foram entregues à Delegacia possibilitando o chefe policial fazer um adendo para considerar errônea a atuação da GCM, e redobrar as considerações ao ver as imagens de celulares feitas por parentes de Diego, que também foram agredidos. 


“O que poderia ser uma ocorrência simples resultou nisso tudo e reforça a tese de quem defende que a GCM de Bertioga precisa melhorar muito sua prestação de serviço na cidade, que sofre com a falta de segurança”, concluiu o advogado.


O que diz a prefeitura

        

A Secretaria da Segurança e Mobilidade de Bertioga revelou que abriu uma sindicância interna para analisar o ocorrido. A prefeitura confirmou o afastamento do GCM envolvido na ação.  


Vítima da agressão mostra os ferimentos no corpo


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em Bertioga, deputado Reis fala sobre assuntos que abalam a política nacional e o país

Na cidade, ele ajuda comunidades que precisam ser “separadas” do mapa do Perb para que elas possam continuar existindo Por Aristides Barros Reis defende a cassação de Eduardo Bolsonaro / Foto: AB Recentemente, o deputado estadual Paulo Batista dos Reis (PT) participou de uma reunião, em Bertioga, com líderes comunitários, um representante da Fundação Florestal e a prefeitura bertioguense para intermediar temas relacionados às obras necessárias nas Chácaras Mogianas em Boraceia.  Ele considerou que o encontro foi positivo, com a definição de que a Sabesp pode começar a fazer as obras de saneamento básico (rede de água e esgoto) na localidade e a prefeitura pode iniciar os trabalhos de infraestrutura de sua alçada. Isso tudo, havendo a sinalização positiva da Fundação Florestal, que é a gestora do Perb, e o aval do Governo do Estado.  Após os temas da reunião, a reportagem indagou Reis sobre como ele avalia o comportamento do governo brasileiro frente aos Estados Unidos mediante...

Sequência de despejos no “coração” de Bertioga é comparada a higienização social

Reintegração “imita” a política xenófoba dos países que expulsam imigrantes; na cidade litorânea os alvos são os pobres da Vila Tupi    Por Aristides Barros PM e oficial de justiça avisa o morador do despejo A Vila Tupi, no Centro de Bertioga, foi regularizada via processo fundiário que a princípio seria para beneficiar os moradores. A localidade foi reconhecida como área de interesse social e o plano regularizador era para o bem das famílias que vivem há décadas no local. Mas, várias delas  já foram descartadas do plano. Devido a ação atingir um grande número de famílias sem muitos recursos que moram no local fincado na área central da cidade muitos olhares veem o caso como um expurgo da população pobre da zona nobre de Bertioga. “É uma limpeza social”, afirmam e tom crítico à ação. Uma ação de reintegração de posse, com processo já transitado em julgado, prevê retirar cerca de 150 famílias da Vila Tupi e dezenas já foram despejadas. As que ainda estão em suas ca...

Advogado é agredido durante ação da Prefeitura de Bertioga e denuncia a violência

Doze agentes públicos entraram na propriedade do profissional forense e rolou a pancadaria que foi parar nas redes sociais  Por Aristides Barros Advogado em busca de justiça A apuração de uma suposta denúncia anônima de construção irregular em Área de Preservação Permanente (APP) resultou em atos de violência contra o dono da propriedade, o advogado e empresário João Xavier dos Santos Neto, 40 anos, alvo da ação que envolveu ao menos 12 agentes públicos, entre fiscais e GCM’s.  O caso teve forte repercussão com as imagens da agressão, gravadas via celular, indo parar nas redes sociais, o que gerou indignação devido a área de segurança pública, entre outras, ser um dos pontos fracos da administração.  É voz corrente e consensual na cidade de que o setor, apesar do alto investimento, mostra-se ineficiente na contenção da criminalidade. Por isso, ver um “pelotão” se lançando com fúria sobre um cidadão bertioguense não foi bom para a imagem da Prefeitura de Bertioga.  ...