Pular para o conteúdo principal

Persiste trabalho degradante na garagem municipal da Prefeitura de Bertioga

Há um ano o Sindicato acionou o MPT que move ação contra a prefeitura e a situação só piora, dizem os funcionários


Caragem municipal "lembra" um campo de concentração


Há um ano que o MPT (Ministério Público do Trabalho) ordenou por meio de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) que a Prefeitura de Bertioga executasse melhorias na estrutura da Garagem Municipal de Bertioga, e até agora a administração não cumpriu a ordem dada.

O episódio rendeu uma ação civil pública proposta pelo MPT contra a prefeitura. A denúncia foi levada à Justiça pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bertioga.

A proposta defendida pelo MPT visa tirar os cerca de 50 funcionários do local das condições de trabalho degradante, situação reconhecida pela equipe do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, que em dezembro de 2018 vistoriou a garagem, e ao sair de lá deixou deixou uma lista de serviços que não foram realizados pela prefeitura.

Na época, o MPT foi ao local acionado pelo Sindicato do Servidores Públicos Municipais de Bertioga que soube do caso via jornalistas, que denunciaram em reportagem a situação da garagem e dos integrantes da categoria.

A atuação da Imprensa, do Sindicato e MPT não surtiu o efeito esperado pelos funcionários e sequer fez a prefeitura bertioguense mover uma palha para sanar os problemas.

Isso de acordo com afirmações de funcionários que, em coro, disparam. "A situação está cada vez pior". O nome deles fica sob sigilo para evitar que sofram retaliações. "O Ministério Público veio e nada mudou", disse. "Continua a mesma coisa", completou outro servidor.

PERIGO - Em abril deste ano foi relatado que houve um princípio de incêndio que teria sido motivado pela instalação elétrica deteriorada. 

O incidente começou no ar condicionado instalado no barracão de madeira. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros foi chamada e impediu que o fogo se alastrasse, ninguém ficou ferido.

O princípio de incêndio aconteceu à noite quando não havia ninguém na garagem, sendo que moradores vizinhos ao local é que teriam acionado o Corpo de Bombeiros.

No incêndio relatado um funcionário vê o mau presságio ao revelar que os carros locados pela prefeitura são abastecidos na Garagem Municipal. 

"Os caminhões tanques abastecem e muito combustível cai no chão. O solo já deve estar todo contaminado", diz. A ressalva é que o local além de contornado por áreas verdes fica próximo à Praia do Indaiá.

"Há anos não recebemos equipamentos de segurança pessoal para trabalharmos. O esgoto está entupido e o banheiro onde tomamos banho fica alagado. Nossa situação é péssima", resumiu. 

Além de funcionários da prefeitura, a garagem abriga funcionários de empresas que prestam serviço para a administração municipal.

"Tem um galpão que está prestes a cair, é que a obra não foi concluída", disse evidenciando que o risco de tragédias anunciadas faz parte da rotina do trabalho degradante.

O presidente do Sindicato do Servidores de Bertioga, Jorge Guimarães dos Santos, o Jorjão, disse que deve voltar a conversar com o MPT para ver a posição do órgão sobre o caso.

O site Efeito Letal entrou em contato nesta sexta-feira (20) com o MPT, em Santos, e foi informado que os funcionários entraram em recesso de fim de ano.

Também na sexta feira, a reportagem contatou a Prefeitura de Bertioga indagando a administração municipal sobre o caso, mas o governo não se manifestou.

DEGRADAÇÃO - Em dezembro de 2018 o próprio MPT considerou degradante a condição dos servidores públicos alocados na Garagem Municipal de Bertioga.

Na vistoria da equipe enviada foi órgão constatado que as instalações não possuem "mínimas garantias" de saúde e de segurança aos funcionários.

O local não possui informações sobre programa de prevenção de riscos ambientais e o não cumprimento do programa do controle médico ocupacional. Não há um programa de gerenciamento de resíduos sólidos e de resíduos dos serviços de saúde.

O TAC lembrou que os trabalhadores precisam de "uma existência digna, conforme os ditames da Justiça Social, observada a defesa do meio-ambiente; o direito ao meio equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida".

O termo pedia que a prefeitura fizesse reparos em vestiários, banheiros, no sistema elétrico, providenciasse extintores de incêndio. O documento solicitava a higienização de todos os ambientes na garagem.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em Bertioga, deputado Reis fala sobre assuntos que abalam a política nacional e o país

Na cidade, ele ajuda comunidades que precisam ser “separadas” do mapa do Perb para que elas possam continuar existindo Por Aristides Barros Reis defende a cassação de Eduardo Bolsonaro / Foto: AB Recentemente, o deputado estadual Paulo Batista dos Reis (PT) participou de uma reunião, em Bertioga, com líderes comunitários, um representante da Fundação Florestal e a prefeitura bertioguense para intermediar temas relacionados às obras necessárias nas Chácaras Mogianas em Boraceia.  Ele considerou que o encontro foi positivo, com a definição de que a Sabesp pode começar a fazer as obras de saneamento básico (rede de água e esgoto) na localidade e a prefeitura pode iniciar os trabalhos de infraestrutura de sua alçada. Isso tudo, havendo a sinalização positiva da Fundação Florestal, que é a gestora do Perb, e o aval do Governo do Estado.  Após os temas da reunião, a reportagem indagou Reis sobre como ele avalia o comportamento do governo brasileiro frente aos Estados Unidos mediante...

Sequência de despejos no “coração” de Bertioga é comparada a higienização social

Reintegração “imita” a política xenófoba dos países que expulsam imigrantes; na cidade litorânea os alvos são os pobres da Vila Tupi    Por Aristides Barros PM e oficial de justiça avisa o morador do despejo A Vila Tupi, no Centro de Bertioga, foi regularizada via processo fundiário que a princípio seria para beneficiar os moradores. A localidade foi reconhecida como área de interesse social e o plano regularizador era para o bem das famílias que vivem há décadas no local. Mas, várias delas  já foram descartadas do plano. Devido a ação atingir um grande número de famílias sem muitos recursos que moram no local fincado na área central da cidade muitos olhares veem o caso como um expurgo da população pobre da zona nobre de Bertioga. “É uma limpeza social”, afirmam e tom crítico à ação. Uma ação de reintegração de posse, com processo já transitado em julgado, prevê retirar cerca de 150 famílias da Vila Tupi e dezenas já foram despejadas. As que ainda estão em suas ca...

Advogado é agredido durante ação da Prefeitura de Bertioga e denuncia a violência

Doze agentes públicos entraram na propriedade do profissional forense e rolou a pancadaria que foi parar nas redes sociais  Por Aristides Barros Advogado em busca de justiça A apuração de uma suposta denúncia anônima de construção irregular em Área de Preservação Permanente (APP) resultou em atos de violência contra o dono da propriedade, o advogado e empresário João Xavier dos Santos Neto, 40 anos, alvo da ação que envolveu ao menos 12 agentes públicos, entre fiscais e GCM’s.  O caso teve forte repercussão com as imagens da agressão, gravadas via celular, indo parar nas redes sociais, o que gerou indignação devido a área de segurança pública, entre outras, ser um dos pontos fracos da administração.  É voz corrente e consensual na cidade de que o setor, apesar do alto investimento, mostra-se ineficiente na contenção da criminalidade. Por isso, ver um “pelotão” se lançando com fúria sobre um cidadão bertioguense não foi bom para a imagem da Prefeitura de Bertioga.  ...